É comum falarmos das crises (sociais e psicológicas) como se elas representassem um rompimento com o curso normal das coisas e por isso serem tratadas como algo isolado do resto da vida, causado por algum tipo de fator externo, surpreendente ou incontrolável, que, por sua vez, são os únicos responsáveis pelas mazelas tão observáveis em tais períodos (vide o áudio da primeira dama Chilena, que se referiu aos revoltosos como alienígenas).
Os maiores dramas de uma nação não estão separados dos dramas vividos pessoalmente por cada brasileiro. Não se trata do medo de um hospedeiro ser vitimado por um parasita. Somos pessoas vivendo uma determinada forma de vida, parceiros de vida de outras tantas pessoas.
Atentemos, então, para a seguinte questão: quais eram as reais condições de vida da classe trabalhadora brasileira no momento anterior à eclosão da crise?
Porque hoje, aqui, temos seres humanos se perguntando: morro de fome, sou despejado ou me contamino com a gripe covid19? Que raio de escolha é essa Brasil?!
Como uma diarista, um entregador de refeições ou um motorista de uber escolhe se manter ou não em quarentena?
Antes da pandemia o brasileiro das classes populares, ou seja, a esmagadora maioria da população, já não tinha sequer condições de cumprir as mínimas recomendações preventivas como manter a distância de dois metros, o uso de álcool gel, luvas e máscaras. Mesmo os que se encontram formalmente contratados (cerca de 50% da trabalhadores) possuem condições de moradia inapropriadas até mesmo para normalidade de suas poucas horas de sono. Como suportar agora uma rotina de quarentena reunindo todos os familiares em cerca de 33 metros quadrados (média do tamanho dos lares brasileiros de 2019)? Não é à toa que antes da Pandemia já éramos recordistas mundiais em transtornos mentais. As doenças do sono, ansiedade e depressão são terrivelmente mais comuns aqui do que em qualquer outro lugar do planeta.
A situação é, precisamente, que a experiência de uma crise não nos encontrou em tempos de paz e calmaria, como raios e trovoadas em um dia de céu azul. Epidemias são bem conhecidas por nós e são mais ou menos superadas, fundamentalmente, se as estratégias sanitárias adotadas por governos a controlam. As doenças epidêmicas – Tuberculose, Zika-vírus, Microcefalias, recente explosão de casos de HIV e Hepatite, H1N1, Dengue, etc. – só se transformam em crises sanitárias graças ao abismo social no qual nos encontramos. Se a morte não está relacionada diretamente ao contágio (supostamente “democrático”), mas ao acesso a saúde, então, é pelo agravamento dos nossos problemas sociais que o risco de morte que nos iguala, bem como todos os demais seres vivos, também nos distingue.
Quando a crise é pessoal, quando adoecemos psiquicamente, muitas vezes optamos por ignorar nosso sofrimento, traduzindo-o como um quadro abrupto, tal qual uma enxaqueca ou uma alergia (isso quando a percebemos). Assim que assimilados os sinais patológicos, em um bom cenário, o caminho natural é a busca de um diagnóstico, das precauções para evitar a evolução do quadro (em geral do tipo “10 passos para controlar a crise”) e os devidos encaminhamentos para o alívio dos sintomas. Tal comportamento corriqueiro ocorre porque os nossos sentimentos são formados socialmente pelas experiências e até mesmo quando nos auto-avaliamos não o fazemos totalmente de acordo com a nossa vontade: tendemos a seguir o caminho mais acessível socialmente. E, na sociedade dirigida pelo capital, o que é mais acessível é sempre o mais conveniente para a manutenção e perpetuação do comércio de mercadorias, ou seja, para reatualizar as circunstâncias que deram origem ao problema.
Em outras palavras, quando buscamos saídas diante da crise nos deparamos com soluções individuais, superficiais e eugenistas, todas produzidas pela ideologia das classes dominantes: a ideologia liberal. Tais soluções, em seus mais diversos meios, amenizam o sofrimento psicológico na estrita medida em que ele favoreça a Indústria da Fé, da Saúde (planos de saúde, médicos, hospitais, exames e medicamentos), das drogas lícitas (ex. AMBEV) ou ilícitas (ex. PCC, Comando Vermelho, etc.). Isso por que as relações comerciais, necessariamente voltadas ao lucro (o capital), se sustentam regulando governos, leis e também manufaturando nossas ideias em geral, incluindo aí a nossa autocompreensão.
As relações capitalistas acumulam e aperfeiçoam sofisticados mecanismos que deformam a autocompreensão daqueles que são prejudicados por elas, e tanto a Psiquiatria, a Psicofarmacologia quanto a Psicologia são exemplos emblemáticos disso. Para enfrentar esses obstáculos ao menos duas estratégias são cruciais. Uma é a crítica radical da psicopatologia, aquela que vasculha até achar a raíz/origem da crise e a outra é a crítica totalizante , aquela que rompe com o caos da fragmentação cotidiana e integra os nossos dramas pessoais e familiares ao todo das nossas relações sociais. Na ausência de tais críticas não há nenhum amparo real ao sofrimento dos trabalhadores.
Alcançamos a raiz quando consideramos que, em condições de normalidade, temos os salários pagos em valores muito abaixo do custo de subsistência, haja vista que, somente no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas “sobrevivem” com 51 reais por mês ou menos, em sua maioria pessoas negras, mães de família. Nos cálculos do DIEESE, o salário mínimo de 2020 deveria ser de 4.520 reais e 80% do nosso povo trabalhador sequer recebe um terço disso, sem nem falarmos dos desempregados e dos endividados, das pessoas em situação de rua e em privação de liberdade. Com o avanço da crise econômica chegamos ao ponto de 50% da população brasileira sobreviver com R$413,00 por mês ou menos!
Nos encontramos hoje fortemente concentrados nos grandes centros urbanos. Temos 22% da população concentrada em apenas 17 dos maiores municípios do país, enquanto 47,3% reside nas chamadas Regiões Metropolitanas. Sabemos muito bem que a vida nessas grandes cidades brasileiras é permeada por todo tipo de dificuldade: superlotação, violência, falta de atendimento devido aos cortes orçamentários do sistema público, problemas graves de moradia (enchentes, deslizamentos, como vemos todos os anos e vimos recentemente, antes da pandemia), etc. Vale mencionar, também, e com ênfase, a tragédia da mobilidade nesses grandes centros urbanos. Em São Paulo, por exemplo, em 2018, a média diária de deslocamento para realizar a atividade principal era de 1h57min, o que representava uma diminuição de três minutos em relação ao ano anterior.
Ora, se a vida não pode ser reduzida ao consumo, ainda que a falta deste possa reduzir a vida a pó, ela certamente pode ser compreendida em termos de liberdade para o uso do tempo. A classe trabalhadora, portanto, para além das jornadas excessivas de trabalho, dos salários baixos, e da exposição contínua a todo tipo de intempérie, insegurança, ainda tem seu tempo de vida sugado também pela locomoção para a realização de seu trabalho explorado e alienado. Que tempo resta ao trabalhador brasileiro para desfrutar da vida?
A crise intensifica as diversas formas de violência e produz uma dinâmica psicossocial que é infinitamente mais grave, destrutiva e fatal para aqueles que correm maiores riscos, e não apenas riscos causados por uma imposição natural, incontornável (como as doenças respiratórias, ou a velhice etc.), mas quando o sujeito se desprotege por não poder optar pela melhor maneira socialmente criada para proteger a si e a quem precisa de seus cuidados.
Diversas entidades como, a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e Frente Nacional Contra a Privatização na Saúde (FNCPS) têm avaliado com preocupação e alertado para uma crescente piora da saúde mental dos trabalhadores brasileiros desde a contrarreforma trabalhista e os ajustes fiscais de 2016, que deterioram as condições de vida, o acesso a saúde, segurança e educação. Não por acaso a segunda morte por Covid-19 era uma empregada doméstica realizando seu trabalho, sem proteção, aos patrões infectados.
O projeto ultraliberal do governo Bolsonaro é tanto uma continuidade com o que já havia sido preconizado desde o início do Plano Real, na década de 1990 (administrado por Cardoso, Lula, Dilma e Temer, cada um à sua maneira), quanto representa uma aceleração drástica do processo que se expressa por meio de suas contrarreformas. No final de 2019, por exemplo, aprovou-se uma resolução com novas diretrizes para o atendimento psiquiátrico, na direção oposta à política de desinstitucionalização recomendada pelo Conselho Federal de Psicologia. Entre as modificações está a manutenção de leitos em hospitais psiquiátricos (favorecendo à Indústria da Saúde), a ampliação de recursos para comunidades terapêuticas (favorecendo a Indústria da Fé) e a limitação na oferta de serviços extra-hospitalares, com um redirecionamento progressivo de uma rede comunitária para um modelo baseado em instituições médico-centradas, privadas, que já se mostrou historicamente ineficiente (CFP, 2017).
Crise econômica e Covid-19
A crise de 2008 jamais foi superada, e sua administração pelo capital foi gestando uma nova e mais grave crise, que hoje é violentamente parida pela mais grave pandemia do século, causada pelo novo Coronavírus, a Covid-19. É claro que, se por um lado não podemos atribuir ao vírus a causa da crise, tão pouco é legítimo ignorar tal elemento conjuntural na hora de analisá-la. Além de acelerar a crise econômica, ele insere nesse processo histórico vários aspectos particulares.
Um país latino americano dependente, como o nosso, inserido no capitalismo com a função de complementar as economias centrais, a drenagem da riqueza e a superexploração dos trabalhadores já requerem constante uso da violência estatal para manter assegurada a “paz social”. Os trabalhadores já morrem aqui violentamente com muito mais frequência e desinibição dos assassinos do que na maior parte do mundo. Com a Covid-19 e a sua heterogênea disseminação adoecer e morrer aqui é tal qual é para os bolivianos, haitianos, mexicanos, chilenos e paraguaios e de maneira muito distinta para os holandeses, canadenses, etc. O que ocorre é que aqui a diferença não é apenas climática ou cultural (costumes distintos) é, sobretudo, produto resultante do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo em escala global. Todas essas particularidades talvez possam ser sintetizadas na fórmula “a vida versus os lucros” e também se expressará como o aprofundamento do “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, como é próprio de qualquer país dependente e periférico.
Num momento como o que estamos vivendo, de crise econômica global e com o Brasil em franca guerra de classes, isso é levado para além do limite do insuportável, é, portanto, psicossocialmente patogênico. Além da execução de medidas ultraliberais capitaneadas por Paulo Guedes, que protegem o capital em detrimento da classe trabalhadora, desarmada teórica, política e ideologicamente pelo longo período de conciliação de classe representado pelo Petismo; temos agora o posicionamento genocida do protofascista Bolsonaro, que, como uma cópia mal feita de Donald Trump, acena para um retorno das atividades econômicas e regressão da quarentena. Com esta atitude, os sicofantas pioram ainda mais as tensões entre casais, famílias (pela volta às aulas e aos locais de trabalho), e pequenos empresários, tudo para manter a transferência da riqueza aqui produzida para a matriz.
Toda crise capitalista joga a classe trabalhadora em situações de completa insegurança e violência, estimulando ainda mais episódios de depressão, desespero, desalento, paranóia, auto-flagelo, suicídio etc. Tudo isso é dramaticamente agravado pela situação de quarentena e pela oposição entre emprego e vida, imposta à classe trabalhadora pela classe dominante, entre a trágica e aparentemente inescapável decisão de morrer do vírus ou morrer de fome, como viemos dizendo, não se trata aqui, em nenhuma dimensão, de um imprevisível infortúnio, de um golpe de azar do destino.
Por isso, o tema da autocompreensão e da análise psicossocial da saúde dos brasileiros nos conduz ao seu enraizamento dentro do drama da luta de classes (trabalhadores x capitalistas) e da processualidade histórica da dependência latino americana. Isto é, antes de nos atermos à conjuntura surpreendente e imediata de uma pandemia, é necessário compreendermos de onde brota a crise. Onde está a sua raiz? Como a raiz se conecta com as folhas e frutos, a totalidade de nossas vidas?
Não há saúde mental possível para nenhum de nós em uma situação de tamanha penúria. Não à toa, observamos o crescimento exponencial das igrejas evangélicas do tipo caça niqueis no país, pois, como sabemos, “a miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. Como afirmou Marx, “A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.” O crescimento dessas igrejas se deu em consonância com o período de conciliação de classes promovido pelos governos petistas da década anterior, e que nos trouxe até a situação atual.
Essa conciliação foi, na verdade, uma pacificação da classe operada com a liderança do partido que se dizia ser dos trabalhadores. Ao invés de se lutar contra os monopólios midiáticos, optou-se por uma inaceitável aliança com os mesmos, deixando os trabalhadores à mercê da alienação ideológica e da colonização cultural. Longe de promover alterações significativas na economia, a favor das classes operárias, manteve-se a sacralidade e o aprofundamento da dependência. Adota-se a pacificação por palavra de ordem. É desse período, a crescente hegemonia da religião na política, com a eleição de bancadas da fé ultradireitistas, que ganham força quanto mais a situação dos trabalhadores se deteriora. E também pela ala da esquerda liberal da ordem, é reforçada a política do pensamento caridoso, ao insistir na venda de migalhas de ilusões para obter em troca algumas cadeiras no parlamento. A política foi reduzida ao terreno da moral cristã e da razão de Estado, e o protagonismo retirado da classe trabalhadora, que nem uma única vez foi chamada à luta pelos seus representantes, ditos governos populares.
Na medida em que se aumenta a quantidade de riqueza socialmente produzida no capitalismo, e portanto, a riqueza privadamente apropriada, aumenta também a miséria espiritual das classes produtoras. De maneira que o trabalho na periferia do capital é duplamente alienado, pois se expressa também como progressiva dilapidação da nação, como colonização eternizada por meio do imperialismo, como “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, repercutindo na deterioração das instituições e das relações interpessoais. Trabalhamos aqui para o outro. Em uma situação em que os verdadeiros apropriadores da riqueza produzida sequer se encontram dentro do território nacional e por meio de seus intermediários brasileiros arbitram desde fora sobre o destino desses milhões de brasileiros que perecem da pobreza, do desalento, da superlotação dos hospitais etc, e agora do vírus.
Mesmo na crise, mesmo com a aceleração exponencial da conjuntura, muitos representantes da organização da classe trabalhadora, no parlamento, nos sindicatos e nos movimentos estudantil e populares, mantêm-se aferrados à ilusão de uma social-democracia no vale de lágrimas brasileiro, e seguem rebaixando o horizonte da luta política a um inaceitável assistencialismo dentro da ordem. A isso chamamos de digestão moral da miséria motivada por uma caridade cristã e pelo oportunismo eleitoreiro e carreirista. Nesse sentido, em pouco diferem-se dos pastores ávidos pelo dízimo.
Ao contrário de uma onda conservadora, o Brasil preferiu a vitória de Jair Bolsonaro como modo de rechaço completo da maioria ao sistema que orquestrou a transformação do capitalismo dependente brasileiro para a sua atual forma rentística, afinal apenas ele tem criticado o sistema e suas instituições com radicalismo! Ainda que sem direção e enquanto possibilidade latente, ao contrário de insanidade, e apesar de todas as mazelas materiais, ideológicas e psíquicas às quais estão submetidas, esse rechaço conota que a lucidez ainda é um elemento fundamentalmente presente nas massas, que anseiam pelas mudanças que os podem redimir.
Ao contrário do que os mercadores da fé buscam fazer parecer, essas mudanças não podem advir senão pelas mãos da própria classe trabalhadora brasileira, portadora das possibilidades de superação da dependência, que não pode vir de outra forma senão da luta pelo socialismo.
A nossa autocompreensão é tão mais deteriorada quanto mais estamos isolados e solitários, quanto menos a exercitamos – no estudo e na prática voltados às lutas concretas. É a nossa autocrítica articulada com a consciência de classe que nos retira da alienação e nos põe em colaboração solidária com nossos semelhantes.
Se a superação das misérias da dependência e do capitalismo só pode se dar por meio da transição socialista, tal transição só pode ser posta em marcha por meio de um longo processo de desalienação, de lutas pelo fim do trabalho alienado (do trabalho para o outro), de transformação de nossa realidade pelo trabalho para si, enquanto classe que de fato produz a riqueza. Isso acontece nos momentos de greves, quando os trabalhadores se recusam a trabalhar para o patrão, não como forma de não trabalhar (como a classe dominante faz parecer, acusando-nos de preguiçosos), mas como forma de trabalhar para si, de tomar as rédeas de seu destino pelas próprias mãos, retirando-o do domínio capitalista.
Se as massas de trabalhadores demonstram lucidez, mesmo que difusamente, pois ainda nos falta a direção, é porque as suas lideranças e representantes, apesar de discursivamente colocarem-se ao seu lado, na prática trabalham para seus próprios interesses, motivados por suas próprias ilusões. Desejam manterem-se como gestores da miséria permanente, corregedores de uma república apodrecida. Menos motivados por uma solidariedade e ódio de classe, e mais por um sentimento filantropo e pequeno-burguês. A encalacrada da dicotomia entre “vida e economia” definha quando se vê que ela de fato é entre “vida e lucro”, e, portanto, entre “capital e trabalho”, insuperável dentro dos marcos do capitalismo, irremediável no mais mínimo nas condições de dependência.
É apenas por meio da organização da classe, em si e para si, com a união de todas as lutas parciais pelo claro horizonte da tomada do poder, que se pode efetivamente produzir, por um lado, as vitórias no terreno objetivo que podem impedir a classe de ser dizimada pela crise, e, pelo outro lado, a desalienação capaz de animar as massas na superação das mazelas psicológicas. Nas mais diversas experiências revolucionárias vemos que quando nos momentos de crise os trabalhadores identificam a raiz do seus males na destrutividade promovida por esse sistema, partem para saídas coletivas, se organizam e lutam bravamente para suprimí-lo.
Os momentos de crise, de ataque à vida (ante ao adoecimento e ao risco de morte) articulados com a experiência do ócio (semelhante aos momentos de greve), também somos empurrados para o caminho da radicalidade. Abre-se a possibilidade de revisão do presente e da busca de caminhos para sua superação, para além do imediatamente acessível e conveniente ao sistema. A forçosa reflexão em meio a crise, impulsiona a redefinição dos sentidos e motivos, das prioridades e preferências e, se nutrida com a crítica radical e totalizante, nos brindará com a potência criativa revolucionária.
A crise brasileira não é apenas a crise do Covid-19!
A crise pandêmica intensifica nossa tristeza, aumenta a depressão, a desesperança, a angústia e o pânico, mas antes de serem estes acometimentos pessoais são psicossociais. A crise é também uma crise planetária, produzida no interior de um sistema político-econômico que precisamos superar, e isso demanda uma nova práxis política. Bem diferente das velhas saídas, sejam elas individuais (com orações, preces, psicoterapia, psicofármacos, cerveja/maconha/crack/cocaína, etc.) ou social-filantrópicas (o assistencialismo). Apenas a classe que de fato vive do suor do seu trabalho, organizada em suas bases e dirigida por uma vanguarda, surgidas em simbiose no e do processo de lutas, podem dar resposta a essa questão. Assim, o tema da psicopatologia só pode ser interpretado e resolvido por meio da desalienação, da organização e da luta pela Revolução Brasileira.
“Quem não adoece, não se conhece.” (Câmara Cascudo)
Texto de Iuri Barcat e Talitha Coelho
Militantes pela Revolução Brasileira – Curitiba-PR
[1] https://noticias.r7.com/economia/metade-dos-brasileiros-vive-com-apenas-r-413-por-mes-mostra-ibge-16102019
[2] https://observatorio3setor.org.br/noticias/80-dos-brasileiros-tem-renda-per-capita-inferior-r-14-mil/
[3] https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html
[4] https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25278-ibge-divulga-as-estimativas-da-populacao-dos-municipios-para-2019
[5] https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-08/populacao-brasileira-passa-de-2084-milhoes-de-pessoas-mostra-ibge
[6] https://www.mobilize.org.br/midias/pesquisas/viver-em-sao-paulo-mobilidade-urbana-na-cidade.pdf
[7] https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/introducao.htm
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