“Estamos Juntos” com a burguesia? Abandonamos o Socialismo?
Um Manifesto chamado “Estamos Juntos” assinado por Fernando Henrique (PSDB), os presidentes do PDT e do PSB, o ex-ministro da saúde de Bolsonaro, Mandetta, do DEM, Luciano Hulk, Fernando Haddad (PT), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Lobão (cantor), o escritor Paulo Coelho, Jandira Feghali e Alice Portugal(PCdoB), Frei Beto, Camilo Santana, governador do Ceará (PT), José Guimarães, líder do PT, Reinaldo Azevedo, Nelson Jobim, André Lara Resende, Sarney Filho, Roberto Freire, Maria Alice Setúbal (ITAÚ), além de dezenas de empresários.
Trata-se de uma unidade rara até bem pouco tempo atrás, razão pela qual não deixa de ser uma surpresa. No entanto, se aparece como surpresa, não é uma novidade, pois a tentativa de realizar uma frente ampla contra Bolsonaro recorre todo e qualquer gabinete dos políticos vulgares.
Mas, para nós socialistas, revolucionários, o que espanta é que também assinam o documento Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, e os deputados federais do PSOL, Ivan Valente, Marcelo Freixo, Áurea Carolina, Edmilson Rodrigues, Luiza Erundina, Talíria Petrone. E Guilherme Boulos, Maringoni, entre outros.
Esta política alimenta esperanças numa frente anti-Bolsonaro eludindo a questão central: o que diz o manifesto? Ora, basta o ler o documento para constatar que seu conteúdo é contrário a tudo que a militância do PSOL defende:
“Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”. Temos ideias e opiniões diferentes, mas comungamos dos mesmos princípios éticos e democráticos.”
O apoio do PSOL a tal manifesto fortalece o liberalismo de direita no país. No entanto, há algo mais grave: os parlamentares do PSOL e a decisão da executiva do Partido, deixam de lado suas diferenças com a burguesia, a luta pelo socialismo e traçam um “projeto comum” com Fernando Henrique e notórios políticos que sustentam a ordem burguesa. Afinal, é papel da esquerda (onde se encontra o PSOL) a defesa da “lei e da ordem”?
Há algo perigoso aqui: nos Estados Unidos, para dar apenas um exemplo, é Trump quem se lança da defesa da lei e da ordem (law and order) contra os protestos que lá ocorrem! Esta é a bandeira que Trump levanta contra os que protestam nos EUA.
O PSOL deve defender a “responsabilidade na economia”?
Acaso nosso partido deve compartilhar os mesmos princípios éticos e democráticos que Fernando Henrique, Luciano Huck, Randolfe Rodrigues e até o cantor Lobão?
Nós alertamos os militantes e filiados que este é o caminho da destruição política do PSOL. Este foi o caminho feito pelos dirigentes do PT e do PCdoB que levaram estes partidos para sustentar o capitalismo e governar para os bilionários. A defesa da lei e da ordem capitalista é traição aos nossos princípios socialistas e revolucionários. É traição aos anseios e esperanças populares de um dia mudar este país no momento em que a dominação burguesa se encontra sob o impacto da imensa crise capitalista mundial com efeito particularmente acentuados na periferia do sistema, nos países atrasados e dominados.
É precisamente no turbilhão da crise que devemos reafirmar um princípio fundador do `PSOL: Socialismo com Liberdade. E isto não pode ser realizado com a política expressa neste manifesto burguês, orientado pelo liberalismo de direita.
Conclamamos os militantes e filiados do PSOL a iniciar uma batalha política no interior do partido para nos reagruparmos nacionalmente e manter bem altas as bandeiras do Socialismo e da Liberdade exigindo que todos os dirigentes do PSOL retirem suas assinaturas deste manifesto que envergonha o partido e seus militantes e filiados.
Contem conosco nesta luta. Entre em contato, divulgue essa carta, alerte seus companheiros e divulgue também sua própria opinião.
Fora Bolsonaro!
Viva a luta de classes e a independência de classe!
Viva o socialismo!
Nildo Ouriques p/Revolução Brasileira (RB)
Contato: contato@revolucaobrasileira.org
https://revolucaobrasileira.org/
Serge Goulart p/Esquerda Marxista (EM/CMI)
Contato: contato@marxismo.org.br
https://www.marxismo.org.br/
Infelizmente este manifesto reflete a falta de um horizonte para o PSOL que caminhe em direção ao socialismo, e cria uma falsa união que só servirá à manutenção do status quo para a classe trabalhadora. Apoio a retirada das assinaturas deste e julgo necessário que os psolistas reflitam sobre a luta de classes, permanecendo do lado da classe trabalhadora.
Não dá para sentar ao lado do Fernando Henrique
A adesão de algumas lideranças políticas e dirigentes do PSOL a esse manifesto da direita liberal traduz uma postura de rendição e renúncia do partido à luta revolucionária e libertadora dos trabalhadores e demais setores proletarizados da sociedade. O PSOL, pelo visto, vai seguir o mesmo caminho trilhado pelo PT, que rumou na direção da conciliação de classes e no esforço de se mostrar inofensivo e não ameaçador aos interesses e privilégios da classe dominante (a burguesia empresarial e financeira). Que pena…o PSOL está virando mais um partido social-democrata.
É fundamental nesse momento histórico, demarcar a autonomia e a independência da classe trabalhadora, cujo horizonte histórico, o socialismo, não pode se diluir em propostas de frente ampla com inimigos de classe.
Muito coerente avaliação e as críticas sobre o manifesto “estamos juntos”. Estamos em uma sinuca de bico professor. O que fazer? …
Concordo 100%!
Compositor Flo Menezes, Prof. da Unesp, trotskista independente, coordenador do Comitê Mário Pedrosa que organiza o II ENCONTRO INTERNACIONAL LEON TROTSKY em São Paulo.
Filiado ao PSOL.
Não sei quem é mais engênuo, o cidadão comum que ouve esse manifesto no Jornal Nacional (ou semelhantes) e encontra algo positivo ou os integrantes do PSOL, longe dessa cúpula safada, que acham que não é o papel do PSOL caminhar com o liberalismo se foi assim em toda a sua trajetória. “Mas o PSOL foi fundado em um ato de “REBELDIA” ao liberalismo petista que atacava os trabalhadores” por isso Lenin diz no desenvolvimento do capitalismo na Rússia “deve-se distinguir princípios de tendências” e a tendência é que essa “rebeldia” nunca vigorou como princípio.
Essa deveria ser a verdadeira luta da esquerda brasileira!
Concordo plenamente com a critica .
Mas penso que faltou uma proposta alternativa concreta.
Quem sabe uma frente única anti-fascista como a que foi proposta na Alemanha para que barrar o crescimento de Hitler !?
Ou uma frente Única anti-fascista como a que contribuiu de maneira decisiva Lara a derrota do integralismo no Brasil em 1933 !?
Viva o nacionalismo revolucionário e o internacionalismo
O final foi foda…
O manifesto implica na manutenção de Bolsonaro, marginal perante a Lei e perturbador da Ordem, incentivador da Pandemia e da Morte. No final colocam o mais demagogo “Fora Bolsonaro!”.
Agora existe um único objetivo! derrubar bolsonaro, depois cada um segue suas convicções
A esquerda brasileira se perde e não pauta a luta de classes.
Só não concordo com o final apenas “fora Bolsonaro”. Melhor seria: “Abaixo o Imperialismo”, mentor de toda situação agonizante em que se encontra o nosso país. E o restante que vem abaixo. Viva…..
SAlve rapaziada! Sem Marx não tem saída!! https://frenterevolucionariadostrabalhadores.blogspot.com/2020/07/feliz-aniversario-simon-bolivar-ricardo.html
Este equivoco de alguns dirigentes do PSOL deve ser criticado construtivamente, no sentido da retirada das assinaturas compondo com inimigos de classe social.
É uma profunda contradição se aliarem com liberais de esquerda e de direita, em torno de um projeto de poder, conciliando com interesses da burguesia. Inicialmente deve-se fazer o combate no interior deste partido.