No último sábado, em mais de 300 cidades em todo o Brasil foram organizados atos a favor do impeachment do protofascista Bolsonaro. Os atos não se diferenciaram muito entre si (tanto em relação ao conteúdo quanto ao número de presentes). O mesmo vale para o ato na cidade de São Paulo. As “novidades” dizem respeito basicamente quanto a entrada de personagens como o PSB, Cidadania, Solidariedade e PDT, contando com a participação de figuras como Ciro e Paulinho da Força, ambos fazendo falas no caminhão de som na Paulista – com o primeiro recebendo algumas vaias (dos adversários petistas) e o segundo recebendo vaias mais contundentes de toda a multidão.
Se o conteúdo do ato em São Paulo não foi diferente dos demais, houve uma regressão no formato: o ato ficou parado, não saiu em passeata. Em uníssono, os rebaixados dirigentes políticos, sindicais e de movimentos gritavam a plenos pulmões clamando por uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. A saída para derrotar Bolsonaro não viria das ruas. Viria do Santo Graal de uma maioria parlamentar (quem duvida que procure o discurso de Ciro na Paulista). Os mais despudorados iam além: esqueciam-se do Santo Graal e apelavam para a “segunda vinda” do Salvador Luís Inácio no pleito de 2022 a ser transformado num verdadeiro “Jubileu”.
De modo geral, nas demais localidades, também não houve uma grande variação no perfil e tamanho dos atos, sendo alguns um pouco maiores e outros um pouco menores do que os anteriores. Todos eles compartilhando a crença ilusória na “defesa da democracia e das instituições”, e sendo dirigidos hegemonicamente pelos setores que apostam, no fundo, num “desgaste” de Bolsonaro de olho nas eleições de 2022, e não na efetiva constituição de um movimento de massas que derrube o governo e mude a correlação de forças no país.
Enquanto transcorre o espetáculo de ilusões, segue o povo trabalhador nos campos e cidades sendo esmagados pela superexploração. No país do agronegócio, disputa-se ossos e restos de comida. Num país autossuficiente em petróleo, gasolina e gás de cozinha se tornam caríssimos diante de um povo desempregado e com salários achatados. A esquerda liberal apesar de denunciar a tudo isso, segue fazendo dos atos um mero carnaval de quinquilharias.
Não há vontade política dos dirigentes da esquerda liberal hegemônica em, de fato, virar o jogo. Há a busca pelo governo, não pelo poder; a briga por Brasília, não pelo Brasil. Não há vontade de pôr um fim aos nossos males e buscar a soberania do país. Segue-se a mesma vassalagem às potências imperialistas e ao grande capital, com alguma promessa de esmolas.
E para uma estratégia de poder é necessário pautar uma via revolucionária: a Revolução Brasileira. Aos militantes honestos: tematizem a Revolução Brasileira em seus partidos, sindicatos e associações. Não sejam coniventes com as ilusões propagadas por seus dirigentes: passem por cima deles!
Ou o que se convencionou chamar no Brasil de esquerda adere ao projeto revolucionário ou continuará sendo apenas uma mera caricatura a serviço do capital. Viva a Revolução Brasileira!