O Brasil está atravessado por grandes contradições, que a cada dia se manifestam com mais força e não admitem soluções a partir dos pactos tradicionais, que marcam nossa história. A guerra de classes declarada pela burguesia brasileira, a partir do ajuste aplicado pela presidente Dilma, aprofundado no governo corrupto e liberal de Michel Temer, ganhou renovada força com a eleição do proto-fascista Bolsonaro e o ultra-liberalismo aplicado por Paulo Guedes.
A crise mundial do capitalismo, cujo epicentro são os Estados Unidos não encontra solução de curto prazo e será ainda mais severa na periferia capitalista. Aqui, na América Latina – um continente marcado por profunda desigualdade de classe – a ofensiva das classes dominantes é completa, agravada pela gestão criminosa da pandemia, que penaliza com particular força os trabalhadores.
Nesse contexto, o PSOL enfrentará as eleições para prefeitos e vereadores, que se realizam no final do ano. Num contexto tão grave como o atual, as eleições nas grandes cidades do país exigem uma nova perspectiva para a esquerda: não podemos nos apresentar como meros administradores da ordem atual, apresentando nossos candidatos como melhores administradores do que os candidatos da classe dominante. O PSOL, partido do socialismo e da liberdade, nasceu para superar as limitações e o fracasso histórico da esquerda tradicional – PT, PDT, PC do B, etc – todos estes filiados ao liberalismo de esquerda. Portanto, nessas eleições, nossos candidatos e nosso programa devem ter um claro conteúdo anticapitalista. Afinal, não existem mais saídas para nosso povo a partir de orçamentos minguados, redução da arrecadação fiscal, exigências de pagamento das dívidas para com a união, desemprego massivo, queda da renda etc. Em consequência, nossos candidatos e nosso programa devem expor o caráter nacional da disputa, em confronto aberto com o ultraliberalismo comandado pelos banqueiros e a coesão burguesa que segue no apoio a Bolsonaro (latifundiários, grandes comerciantes, industriais, banqueiros e multinacionais).
Em Minas, Bolsonaro tem como aliado o governo de Zema que segue aprofundando a crise com medidas anti-populares, que, de maneira sistemática, apoiam a política econômica de Paulo Guedes, que penaliza Estados e Municípios. A disputa em Contagem – uma das maiores cidades do nosso Estado – adquire também o caráter de uma disputa nacional! Ademais, a presença de uma enorme classe trabalhadora, que já deu demonstrações históricas de luta, obriga o PSOL a uma batalha decisiva nessas eleições: é nosso dever apresentar o partido e um programa adequado com as exigências da Revolução Brasileira. Tilden possui uma identidade com o município, onde mora e milita nos movimentos populares, na política e no saudoso Jonral dos Bairros desde 1974, quando voltou para Minas, há 47 anos após sua prisão política em São Paulo.
A classe dominante já decidiu a guerra de classes e atua com firmeza contra os trabalhadores. À esquerda, ainda permanecem ilusões que não são mais capazes de convocar nosso povo e menos ainda de atraí-lo para superar a situação. Portanto, é nosso dever indicar um novo caminho, em que o protagonismo dos trabalhadores ocupe a cena principal, longe dos políticos vulgares da direita e do liberalismo de esquerda, dos pactos e acordos, que as maiorias não mais aceitam e, de maneira sucessiva, recusam a cada nova eleição. Dessa forma, devemos assumir, nessas eleições, com clareza, a bandeira da Revolução Brasileira! Não haverá solução para nossos problemas no interior das atuais instituições. Não haverá solução para o abismo social, em que está confinado o povo de Contagem, nos marcos de orçamentos minguados e promessas vazias. Estamos diante de eleições que serão as mais politizadas das últimas décadas, razão pela qual apresentamos o nome de Tilden Santiago para a disputa interna, que decidirá o candidato do PSOL a prefeito e vereadores.
O PSOL deve entender que precisa criar uma nova práxis política e um sentido novo para nossa militância e simpatizantes; deve assumir plenamente e, com profunda convicção, a politização que os tempos exigem. É uma exigência dessa nova práxis política que o partido inaugure um debate aberto com todos os filiados e simpatizantes, marcado pelo respeito a todos os postulantes e corientado pela necessidade da crítica e crescimento do PSOL, longe do cretinismo parlamentar daqueles, que julgam possível solucionar os graves problemas de nosso povo, de maneira progressiva, lentamente, com eleições de vereadores e prefeitos. Ora, para nós, essa disputa adquire importância estratégica, pois se apresenta como uma possibilidade de expressar o grito das vítimas do sistema, que, sob a condução de Bolsonaro, não vacila em sua ofensiva contra as condições de vida e trabalho da maioria de nosso povo. Contra eles – que avançam numa contra-revolução na direção de um novo regime político de caráter policial – devemos avançar na direção da Revolução Brasileira. É esse, um tempo da lógica das situações extremas! É também um tempo de uma esquerda capaz de traduzir as dores, os gritos e a rebeldia da classe trabalhadora. Tilden Santiago, fundador da CUT, já viveu, em sua experiência de luta, o contexto das situações extremas, com a firmeza necessária. Por isso, defendemos seu nome como pré-candidato a prefeito de Contagem! No momento mesmo em que um núcleo da da Revolução Brasileira inicia sua militância em Contagem.
Adiante e à esquerda sempre!
Revolução Brasileira de Minas Gerais
Bravo, camaradas! Adiante e à esquerda sempre!
Caro amigo Tilden, sempre admirado combatente do bom combate! Sua disposição para intensificar ainda mais seu engajamento político de já vários decênios é estupenda! Sua visão panorâmica é profética, no sentido bíblico da palavra – denúncia e anúncio! Creio que neste manifesto isto fica muito claro. Menos claro é o modo como o partido deverá seguir sua sugestão de, por um lado, politizar esta campanha de nível municipal enquadrando-a no contexto global e nacional, mas por outro lado ficar “longe do cretinismo parlamentar daqueles, que julgam possível solucionar os graves problemas de nosso povo, de maneira progressiva, lentamente, com eleições de vereadores e prefeitos.” Acho que “cretinos”, se estão ativos neste nível, também devem ser “peitados” neste nível. Com diálogo respeitoso e argumentos “que partem do particular para o universal e voltam para o particular” para ficar na linguagem aristotélico-tomista. Ou na linguagem freiriana: diálogo coletivo baseado na dialética da reflexão-ação-reflexão-ação. Como, aliás, você propõe também neste belo Manifesto. Este pequeno deslize é seguramente apenas um deslize de linguajar e não de conteúdo. Abração. E feliz aniversário! Gilberto