Sindipetro SJC e sua desistência de um sindicalismo petroleiro independente

 Há um “lobo em pele de petroleiro” rondando os sindicatos petroleiros da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros). Este lobo trata-se de chapas ligadas ao PSOL, em especial à corrente “Resistência”. 

 Para quem não está familiarizado com o movimento sindical petroleiro, este hoje está dividido em dois grupos: os sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) que tem a maioria dos sindicatos filiados (como o Sindipetro NF, Sindipetro BA, e outros 11) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) que apesar de possuir bem menos bases (Sindipetro LP, Sindipetro RJ, Sindipetro SJC e outros 2) possui (em número de trabalhadores) quase metade do total. 

 Essa divisão é relativamente recente na trajetória da categoria, tendo nascido há quase 20 anos atrás, fruto da insatisfação dos petroleiros com as tantas traições do então primeiro governo Lula, em especial com a mudança do plano de previdência (PETROS) que até hoje importa graves prejuízos para os associados (muitos hoje já aposentados). Tais traições foram possibilitadas pela ação contundente dos dirigentes da FUP – então única federação representante da categoria petroleira – que submeteram o movimento sindical petroleiro às vontades do governo petista, rifando – sem nenhum constrangimento – os interesses da categoria em troca de cargos dentro da Petrobrás.  Assim sendo, a FUP sempre se constituiu em uma verdadeira correia de transmissão do petismo dentro do movimento petroleiro e, de modo a quebrar essa postura de submissão ao Partido dos Trabalhadores (e sua hegemonia) dentro da categoria, surgiu em 2006 a FNP que, a despeito de muitas de suas insuficiências, começou como uma voz independente e crítica ao petismo dentro do sindicalismo petroleiro.

 A partir de então, a despeito da existência das duas federações, em nenhum momento o movimento petroleiro pareceu prejudicado pela existência de tal divisão. Em questões importantes sempre existiu uma aliança temporária entre as federações ainda que essa união fora quebrada pela FUP, que SEMPRE “roe a corda” em momentos críticos, esfaqueando as costas da FNP e deixando os petroleiros à míngua (como no ACT de 2019, na greve de 2020 contra a entrega da FAFEN, a entrega – sem luta – das refinarias no governo Bolsonaro, o ACT de 2023, a questão do teletrabalho neste ano de 2025  – cuja derrota dos trabalhadores deve-se única e exclusivamente às manobras da FUP). 

 Contudo, com os anos do governo entreguista e ultraliberal de Bolsonaro e Guedes, a posição crítica da FNP frente ao petismo começou a enfraquecer. Essa capitulação deveu-se principalmente à influência do PSOL dentro do movimento petroleiro, que introjetou aí o rebaixamento político e teórico de suas pautas identitárias, seu papel de “puxadinho do PT” (como no congresso da FNP de 2019 em que se defendeu o “Lula livre” num momento crítico dos trabalhadores, que precisavam lutar contra os ataques ultraliberais), distribuiu para todo lado suas falácias como a fantasiosa “luta contra o fascismo” (que nada mais é senão impor de forma acrítica a “frente ampla, amplíssima a perder de vista” do governo liberal de Lula) e até mesmo calando vozes dissonantes (entenda-se vozes críticas à política liberal de Lula) dentro do movimento petroleiro. Com a vitória de Lula em 2022, a posição de “puxadinho do PT” mostrada pelos dirigentes psolistas acabou ganhando ainda mais intensidade. A manifestação dessa fissura dentro da FNP se mostrou, ainda que timidamente, já no ACT de 2023 (em que o Sindipetro SJC foi contra a rejeição da última proposta da empresa, indo na contramão dos demais sindicatos da FNP e se alinhando coincidentemente com a indicação fupista daquele momento) e passou a ter nuances bem mais nítidas nas últimas eleições do Sindipetro RJ onde concorreram duas chapas, uma ligada majoritariamente  ao PSOL e outra majoritariamente ao PSTU (esta acabou vencendo). A chapa psolista contou com o apoio arraigado – pasme-se! – de dirigentes fupistas além de outros sindicatos da FNP, em especial os que também possuem dirigentes psolistas – como o Sindipetro LP cuja direção, na marra, deu apoio à chapa psolista carioca sem ao menos fazer uma única consulta na própria base! 

 A aparente divergência tomou agora contornos drásticos novamente na figura do Sindipetro SJC que, um tanto às pressas, está convocando assembleias em suas bases para discutir a desfiliação do sindicato à FNP e sua reintegração à FUP. A motivação seria o fortalecimento da categoria petroleira no caso de uma unificação. Contudo a verdade é uma só: a ação da direção do SJC é de mais uma vez vender a independência da categoria petroleira submetendo-a aos interesses do rebaixado governo petista (que segue sua política traidora dentro da Petrobrás também no governo Lula 3) mesmo que isso implique em graves prejuízos à Petrobrás, aos petroleiros ou aos demais trabalhadores brasileiros. 

 Fica o chamado aos petroleiros da base do Sindipetro SJC em revisitar a história recente do movimento petroleiro, em especial do motivo de criação da FNP e avaliar de forma crítica a postura covarde e falaciosa de seus dirigentes (que em nenhum momento trataram do assunto de desfiliação na última eleição sindical) e decidir se querem submeter seu sindicato à vontade de um partido traidor ou manter a independência de classe. 

 E fica também o alerta às demais bases da FNP: se a FUP é correia de transmissão do petismo no sindicalismo petroleiro, o PSOL é linha auxiliar do petismo dentro da FNP. E por isso deve ser desmascarado e combatido. Do contrário, a FNP estará fadada à extinção. 

 

Marcus Scariot
Militante pela Revolução Brasileira – SP

 

 

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