Manifesto da RB nas eleições 2020 no ES

MANIFESTO DA REVOLUÇÃO BRASILEIRA NAS ELEIÇÕES 2020 NO ES

É tempo de Revolução no Espírito Santo!

 

  Neste momento em que iniciamos as campanhas para as eleições municipais 2020, a Revolução Brasileira no Espírito Santo vem convocar as candidaturas do PSOL a cumprirem a tarefa histórica de porta-vozes de um novo radicalismo político, reivindicando a necessidade e a urgência da revolução brasileira, única condição possível para que o partido emerja como protagonista do campo de esquerda, no caminho das mudanças estruturais que, fundadas na defesa do socialismo, têm o enorme potencial para tirar o país – e por consequência estados e municípios – de sua condição histórica de subdesenvolvimento e dependência, pautando um projeto verdadeiramente nacional e revolucionário.

  O Brasil vive a sua maior crise política e econômica após o fim da Ditadura Militar, crise essa que veio sendo gestada a cada governo que se sucedeu na Nova República e que ganhou traços mais agudos a partir do governo petista da presidente Dilma, com seus ajustes econômicos que representaram um verdadeiro estelionato eleitoral para os trabalhadores que apostaram em sua vitória nas urnas. A deposição da presidente aprofundou reformas ultraliberais no governo Temer e, mais recentemente, o projeto tem expressão na condução da pasta do Ministério da Economia por Paulo Guedes, com aval do proto-fascista Jair Bolsonaro.

  A crise mundial do capitalismo, cujo epicentro se encontra nos países centrais, em especial nos Estados Unidos, não encontra solução que não passe pela intensificação da superexploração dos trabalhadores nos países periféricos. A ofensiva das classes dominantes nos países latino-americanos expõe essa realidade de maneira inquestionável e coloca essas burguesias como elementos decisivos para a transformação dos Estados nacionais em meros executores das políticas de austeridade promovidas por agências internacionais sob orientação dos grandes capitalistas, sobretudo aqueles que operam as finanças mundiais. E tudo isso num grave cenário de pandemia, que, embora não determine a crise, a aprofundou sobremaneira.

 Os resultados desse cenário para a classe trabalhadora são evidentes: diminuição da renda, desemprego, desmonte dos serviços públicos (com destaque para a saúde e educação) e ataques aos servidores nos três níveis da administração pública, entrega das riquezas nacionais às empresas estrangeiras – principalmente as de origem estadunidense, militarização e criminalização da questão social e reformas ultraliberais que eliminam direitos historicamente conquistados pela luta dos trabalhadores.

  O Brasil, como país latino-americano que é, reproduz essa lógica por dentro de suas fronteiras de maneira disciplinada e segue aprofundando sua condição de subdesenvolvimento enquanto país periférico nas relações capitalistas de produção.

 O Espírito Santo, como uma “periferia da periferia”, é apresentado pelos governos e empresariado como estado de “vocação logística”, que atende às exigências do mercado externo na organização dos fluxos de mercadorias de origem agrícola e de mineração. A intensa produção dessas mercadorias em território espírito-santense contribui para o desenvolvimento do subdesenvolvimento brasileiro e tem como consequência para os capixabas mais concentração de renda e superexploração da sua força de trabalho, isso quando não lhes exclui a possibilidade de emprego formal. O avanço irregular sobre o meio ambiente e sobre os direitos de comunidades tradicionais, urbanas e rurais na realização dessas atividades é a norma vigente.

  Assim, cabe ao PSOL a importante tarefa de enfrentar a conjuntura adversa de maneira original e atendendo aos interesses da classe trabalhadora, relacionando as questões locais, nacionais e mundiais e pautando as mudanças estruturais necessárias para nos tirar da condição histórica de subdesenvolvimento e dependência.

 O momento das eleições é propício para estimular a consciência dos trabalhadores à necessidade de superação dos desafios adiados até aqui em âmbito local. As candidaturas do nosso partido devem indicar aos eleitores que não será apenas pela ordem e pela institucionalidade que iremos alcançar a libertação final das amarras que mantêm nosso país (e consequentemente nosso estado e seus municípios) subservientes aos interesses de grandes capitalistas e do empresariado local, que se organizam em seus partidos eleitorais,  mas não só – um exemplo é a influência do agrupamento empresarial Espírito Santo em Ação em decisões de caráter estatal em variados temas sensíveis à sociedade capixaba, pautando inclusive planos de ação de longo prazo aos governos estaduais, mandato após mandato, independente do ocupante do Palácio Anchieta –, para coordenar a manutenção da ordem das coisas, ordem essa que só aprofunda o definhamento das condições de vida e trabalho de ampla parcela da sociedade capixaba.

  A classe dominante tem seus candidatos nessa eleição que, guardando suas sutis diferenças ideológicas, trabalham juntos contra os capixabas e pelos seus lucros pessoais e corporativos. Cabe, portanto, às candidaturas do PSOL-ES unir esforços para denunciar e combater esses projetos privados que excluem o povo capixaba da definição sobre seu futuro.

  Outra tarefa para essas eleições que deve ser assumida pelos candidatos do PSOL à vereança e às prefeituras é o combate à consciência ingênua de parcelas do campo de esquerda a que chamamos de “esquerda liberal”, um segmento que acredita ser possível o diálogo com a classe dominante para o bem geral de todas classes; que é possível avançar em pautas como o combate ao machismo e ao racismo sem tocar na questão do poder e da propriedade privada dos meios de produção; que acreditam que a fórmula praticada pelos governos petistas do início desse século são suficientes para tirar o povo da miséria e ignorância em que essa mesma fórmula os colocou!

  Vivemos uma guerra de classes e esse confronto foi iniciado pela classe dominante quando já não mais lhe convinha manter um projeto identificado com a esquerda liberal no governo. Hoje, o petucanismo amarga derrotas políticas sucessivas, que são resultado de sua própria inconsequência em aliar-se à burguesia e que hoje tem a reprovação completa dos trabalhadores. A eleição de Bolsonaro é a prova inequívoca dessa afirmação.

  É preciso evidenciar que o PSOL surgiu como resposta à superação do petismo e seu projeto sistemático de retirada de direitos dos trabalhadores, expressa inicialmente na reforma da Previdência do governo Lula a partir do primeiro ano de seu mandato.

  É necessário superar a ingenuidade presente em análises e também em muitos segmentos internos do nosso partido para, de fato, podermos comemorar qualquer vitória, seja eleição de candidatos ou crescimento do partido em qualquer município.

  Enfim, nossas candidaturas precisam enfrentar esses dilemas para contribuir para um caminho que aponte para o socialismo e para a verdadeira liberdade do povo capixaba.

  Adiante e à esquerda, sempre!

 

  Vitória, 27 de setembro de 2020

  Revolução Brasileira no Espírito Santo

 

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Comentários

  1. Excelente matéria este manifesto. Os autores fazem uma leitura concreta, objetiva da realidade política, nacional e regional.

    Avante revolucionários socialistas, à esquerda sempre e, sem conciliação de classes, porém conciliações no próprio campo da esquerda naquilo que é entendimento político e estratégico comum, visando o fortalecimento da esquerda socialista em desfavor da burguesia, dos banqueiros e do império estadunidense, porém sempre a favor do proletariado, do povo pobre sofrido, dos pretos, dos índios, dos quilombolas, dos LGBTs, da soberania nacional, dos investores, dos artistas, dos professores e da educação pública-gratuita-universal-federalizada, dos sem-tetos, dos sem-terra, da privatização do setor produtivo estratégico e da soberania nacional.

  2. CORREÇÃO:

    No texto publicado na mensagem anterior, onde se lê INVESTORES, leia-se INVENTORES.

    Excelente matéria este manifesto. Os autores fazem uma leitura concreta, objetiva da realidade política, nacional e regional.

    Avante revolucionários socialistas, à esquerda sempre e, sem conciliação de classes, porém conciliações no próprio campo da esquerda naquilo que é entendimento político e estratégico comum, visando o fortalecimento da esquerda socialista em desfavor da burguesia, dos banqueiros e do império estadunidense, porém sempre a favor do proletariado, do povo pobre sofrido, dos pretos, dos índios, dos quilombolas, dos LGBTs, da soberania nacional, dos INVENTORES, dos artistas, dos professores e da educação pública-gratuita-universal-federalizada, dos sem-tetos, dos sem-terra, da privatização do setor produtivo estratégico e da soberania nacional.

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