Discurso de Bolsonaro na ONU

  Bolsonaro na assembleia da ONU reafirmou todos os princípios de seu governo: intolerância nos costumes, intolerância ideológica, visão da natureza apenas como insumo para a reprodução do capital e ainda mostrou com quem ele conta na arena internacional: EUA e Israel. Nunca vi um discurso na ONU tão sem subterfúgios, expôs sua forma de pensar, governar e com quem se alinha, contando portanto com o apoio.

 

  Foi um discurso de força, nenhum recuo, elogiou Moro, a prisão do Lula e reafirmou o direito do agronegócio de se expandir na Amazônia e acusou de imperialista os que tentam barrar esse curso dos acontecimentos.

 

  Um político com mais de 30 anos de Congresso sabe muito bem a hora de avançar e de recuar. Quando ele apresenta de forma tão nítida, dobrando a aposta feita nessa condução da política, nos cabe perguntar: de onde vem tanta certeza?

 

  A certeza está nas debilidades de seus adversários. Entre os externos, a Europa com seu passado colonial hoje querendo posar de defensora da Amazônia. Pelo que nos consta, as Guianas Francesa, Inglesa e Holandesa não são, nem nunca foram, paraísos tropicais. No front interno, os sindicatos perdendo filiados, a crise do desemprego assustando os trabalhadores e as lideranças sindicais, pelo menos as das estatais, chantageadas pela possibilidade de CPIs sobre os rombos nos fundos de pensão. Quanto às do setor privado, os anos de bonança criaram uma geração sem experiência nas lutas. A UNE também chantageada pela possibilidade de CPI sobre os recursos repassados à entidade e sobre a gestão das carteiras de estudante garantidoras de meia entrada em várias formas de lazer.

 

  Duros tempos para o nosso povo. Temos um governo que sabe o que quer e reforça seus princípios, dobrando a aposta. Do outro lado, para organizar a população e conter esse projeto, temos: parlamentares que só conhecem o jogo da formação de consensos os quais o governo se nega a participar e organizações despreparadas para confrontos.

 

  Nesse jogo de “barata tonta” que se tornou a esquerda, vemos duas vertentes do saudosismo. A petista acreditando que tudo se resume a Lula Livre que concorrendo e ganhando tudo resolverá, esquecendo que as condições anteriores de boom chinês puxando a economia brasileira não existem mais. A outra vertente saudosista é a cirista que tenta levantar Getúlio Vargas da cova acreditando na construção de uma burguesia nacional com projeto de país. Esquece a realidade de que, na segunda década do século XXI, o presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) não tem indústria.

 

  A nossa burguesia hoje ou é latifundiária (agronegócio); rentista sustentada pelo aumento das taxas de juros da dívida interna que hoje já consome metade dos impostos arrecadados; comercial e mesmo quando ainda tem indústria, a lógica rentista forma a sua visão de negócio. A esquerda que sobra disso não tem projeto e apresenta apenas uma adesão acrítica ao lulismo combinada com frases de efeito do tipo “ninguém solta a mão de ninguém”.

 

  É possível dobrar os joelhos deste governo. Os caminhoneiros já mostraram isso, mas para tanto é preciso superar as ilusões em Parlamento, Judiciário e até nas passeatas. Apenas o que emperra a produção capitalista importa para este governo. Abrir as janelas para ar novo entrar e espantar o mofo de fórmulas ineficazes nestes tempos.

 

Heitor Silva

Militante pela Revolução Brasileira no Rio de Janeiro

*Os textos e artigos publicados pelos Militantes pela Revolução Brasileira não exprimem necessariamente opinião da Coordenação Nacional da Organização.

 

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Comentários

  1. Depois que percebi que o PT teve a oportunidade de nos ajudar a fazer a revolução e conquistar nossa independência e que jogou essa oportunidade fora porque preferiu ficar ao lado do capitalismo predatório e nos transformou em gado preparados apenas pra votar, então eu abandonei o PT. Ele teve a oportunidade de aproveitar esse Boom Chinês pra industrializar o país, romper com o imperialismo americano, dar uma AK47 pra cada pessoa e treiná-las pra combater qualquer ataque fascista ou do imperialismo americano. Era pra ter feito igual ao Presidente Maduro, colocar as forças armadas pra treinarem a população e criar uma força armada popular e uma polícia armada popular pra defender o país quando ocorresse uma tentativa de golpe como aconteceu na Bolívia.

    Agora oque eu mais quero é REVOLUÇÃO, REVOLUÇÃO OU MORTE!

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