Ciclo Nacional de Formação pela Revolução Brasileira em São Paulo
Arte, cultura e revolução: A organização da agitação e da propaganda (agitprop)
Com Lindberg Campos Filho - Professor de literatura
19 de outubro - Sábado - das 14 às 19h
Local:
SINDSEF - Rua Boa Vista, 76, 3º andar - Metrô São Bento-Sé
Ementa:
1.A sociedade de classes e a semi-autonomia do pensamento: a rejeição da politização cultural como mistificação histórica da burguesia liberal triunfante na sua fase de decadência ideológica. A trajetória de busca de autonomização da arte sob a nascente sociedade burguesa conseguiu gerar a confusão entre a autonomia estética e os interesses do mercado, isto é, a arte moderna alcançou a possibilidade de falar de si mesma simultaneamente ao aburguesamento social que pregava a completa autonomia do indivíduo ou, nesse caso, da obra individual. A expressão mais radical se deu no fetichismo da arte pela arte e do formalismo em si e para si, ou, a teologia da arte: o processo de elevação, ou de redução, da arte modernizada, ao conteúdo de si mesma. O culto à obra de arte individual “autônoma” como “neutralizadora da crítica” porque faz o mutilado sujeito moderno se sentir dotado de personalidade e subjetividade individuais. Em oposição a essa tendência a cultura política cria correspondências entre as condições de possibilidade da arte e da cultura e a luta do proletariado pelo socialismo, isto é, pelas reformas estruturais, pela planificação econômica e pela alteração radical do regime de propriedade atual. Mais: a cultura política, ou agitprop, no século XXI tem como um de seus eixos ajudar a forjar a consciência de que a permanência do capitalismo representa um perigo objetivo e subjetivo à existência da humanidade. Ou: contribuir com conhecimento de causa na formação de uma consciência coletiva das contradições de se superar o subdesenvolvimento, a dependência e o capitalismo serem muito menores do que aquelas impostas pela manutenção da ordem capitalista.
2. Organização da revolução: teoria e cultura revolucionárias. Sentido de Que Fazer? (1902) de V. I. Lenin. A Agitprop como formação e como um dos pilares organizativos do partido revolucionário. Mais ainda: agitprop como desenvolvimento dos meios e das forças produtivas da organização da revolução. Organização e formação de agitadores e propagandistas de modo que o programa do partido ganhe qualidade estética e que a estética ganhe qualidade política. Didatismo: e se o belo for o útil? Generalização do pensamento como autoconsciência da totalidade da vida para todas as atividades cotidianas: o proletariado e a revolução não podem se dar ao luxo de cair no anti-intelectualismo burguês contrarrevolucionário, o qual justamente precisa cultivar e se nutrir da decadência ideológica para a manutenção da sua dominação. A reflexividade sobre os processos nos quais estamos envolvidos, desse modo, é o princípio formal da cultura política. A cultura política como a formação de novos produtores com o intuito de romper com a dicotomia entre produtores e consumidores de cultura. A representação não como um dom, mas como uma capacidade; não como um mal, mas como uma condição a se tomar consciência.
3. “Desde o começo, o teatro russo de agitação e propaganda traz a marca da guerra civil”. Agitprop na Rússia e na Alemanha: Proletkult (organização), Construtivismo (produtivismo artístico, ou, produção de objetos socialistas), Sergei Eisenstein (a montagem dialética), coletivo Blusa Azul (teatro de agitprop), Anatoli Lunatchárski (política cultural soviética e realismo socialista) e Bertolt Brecht (didatismo, teatro épico e a peça dialética). Breves exemplos de experiências concretas.
4. Altos e baixos da Revolução Brasileira. Agitprop, ou, cultura política no Brasil, o abandono e o predomínio da maledicência contra a agitprop no pós-64 em favor da publicidade, do marketing e da despolitização do pensamento. Os CPC da UNE, cadernos do povo brasileiro, cinema novo, ISEB, ligas camponesas e a teoria marxista da dependência. Acumulação de radicalidade política como força produtiva estética. O princípio de se pautar a revolução para contribuir para um horizonte revolucionário: identificado o imperativo da revolução, todas as forças se concentram em como fazê-la. Agitprop como atividade tanto de vanguarda quanto de retaguarda.
5. A cultura brasileira contemporânea como cultura altamente conformista, autocentrada e construída em rejeição ao engajamento do pré-64/69. Rejeição da pauta da revolução brasileira e da luta pelo socialismo em nome de uma aliança entre neoliberalização dos costumes e neoliberalização econômica. Abrir mão da superação ou da revolução de maneira prática e/ou imaginária não tem outro efeito senão a mais brutal degradação e a pavimentação do caminho para uma cultura que beira a irrelevância e assume como estandarte a inconsequência, a despolitização e o anti-intelectualismo. A cultura política, que a agitprop promove e pressupõe, é hostil à ingenuidade política e estética. Além disso, ela tem a força de dispersar a pasmaceira atual e de reatar os laços rompidos graças à repressão militar. Aceleração da aparência de atomização social (apodrecimento da sociabilidade capitalista como imperativo da fragmentação e da urgência): celebração da autonomia autocentrada do pensamento conformista, do vulgar e do choque em si e para si. Privatização das artes e neoliberalismo: cultura pós-moderna como desorientação cultural orientada, as relações entre imperialismo cultural e cultura dependente não apenas, mas certamente através das “cláusulas culturais” dos principais acordos de livre comércio ditados pela hegemonia norte-americana. A indústria cultural como contrarrevolução permanente, produtora de “mais-valia ideológica” e, mais especificamente, como salvaguarda do “ouvido subdesenvolvido como ruído da superexploração”.
Venho acompanho as atividades da RB. Acho os grupos mais a esquerda como a RB, CST e contra poder precisa fazer atividades conjuntas para ganhar corpo dentro do partido construir uma narrativa revolucionaria.
Grande atividade! Pretendo estar presente. Parabéns, camaradas. Avancemos na construção da RB!
Estamos construindo uma proposta revolucionária com a presença de toda militância. Mais do que nunca a Revolução Brasileira é a retomada de um processo de mudanças estruturais interrompido pela ditadura militar de 21 anos no Brasil. Ni