A tradição crítica na análise econômica sempre sustentou que a política econômica expressa os interesses das diversas classes sociais e suas frações. Em consequência, a análise da política econômica – o ajuste aplicado [até então] pela presidente Dilma, por exemplo – deve ser analisado como expressão da economia política, ou seja, deve informar antes de tudo, quem perde e quem ganha com as medidas tomadas pelo governo. Este procedimento elementar tem sido sistematicamente ocultado pela ideologia segundo a qual a crise é muito ruim para todos, ou seja, ruim para os trabalhadores e também para o capital. No entanto, basta com observar a imprensa burguesa para verificar que o lucro dos bancos e das multinacionais cresceram no primeiro semestre do corrente ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em resumo: no período de crescimento da economia os lucros foram excelentes e no período de crise foram mesmo extraordinários. É também possível indicar que após as medidas anunciadas pelo governo – a desvalorização cambial, por exemplo – permitirá super lucros para os exportadores este ano, especialmente o latifúndio, da mesma forma que o crescimento da inflação para dois dígitos permitirá ao capital comercial (comerciantes) nova oportunidade para taxas ainda mais elevadas de acumulação. Enfim, a crise, ao contrário do que diz a ideologia, é uma oportunidade de ouro para ás distintas frações do capital.