Ciclo Nacional de Formação pela Revolução Brasileira em Florianópolis – Arte, cultura e revolução: A organização da agitação e da propaganda (agitprop)

Ciclo Nacional de Formação pela Revolução Brasileira em Florianópolis

Arte, cultura e revolução: A organização da agitação e da propaganda (agitprop)

Com Lindberg Campos Filho - Professor de literatura

 

 30 de novembro - Sábado - das 9 às 18h

 

Local:

SINTUFSC - Sindicato dos Trabalhadores da UFSC

Endereço: Rua João Pio Duarte Silva, 241 - Córrego Grande

 

 

Ementa:

1.A sociedade de classes e a semi-autonomia do pensamento: a rejeição da politização cultural como mistificação histórica da burguesia liberal triunfante na sua fase de decadência ideológica. A trajetória de busca de autonomização da arte sob a nascente sociedade burguesa conseguiu gerar a confusão entre a autonomia estética e os interesses do mercado, isto é, a arte moderna alcançou a possibilidade de falar de si mesma simultaneamente ao aburguesamento social que pregava a completa autonomia do indivíduo ou, nesse caso, da obra individual. A expressão mais radical se deu no fetichismo da arte pela arte e do formalismo em si e para si, ou, a teologia da arte: o processo de elevação, ou de redução, da arte modernizada, ao conteúdo de si mesma. O culto à obra de arte individual “autônoma” como “neutralizadora da crítica” porque faz o mutilado sujeito moderno se sentir dotado de personalidade e subjetividade individuais. Em oposição a essa tendência a cultura política cria correspondências entre as condições de possibilidade da arte e da cultura e a luta do proletariado pelo socialismo, isto é, pelas reformas estruturais, pela planificação econômica e pela alteração radical do regime de propriedade atual. Mais: a cultura política, ou agitprop, no século XXI tem como um de seus eixos ajudar a forjar a consciência de que a permanência do capitalismo representa um perigo objetivo e subjetivo à existência da humanidade. Ou: contribuir com conhecimento de causa na formação de uma consciência coletiva das contradições de se superar o subdesenvolvimento, a dependência e o capitalismo serem muito menores do que aquelas impostas pela manutenção da ordem capitalista.

 

2. Organização da revolução: teoria e cultura revolucionárias. Sentido de Que Fazer? (1902) de V. I. Lenin. A Agitprop como formação e como um dos pilares organizativos do partido revolucionário. Mais ainda: agitprop como desenvolvimento dos meios e das forças produtivas da organização da revolução. Organização e formação de agitadores e propagandistas de modo que o programa do partido ganhe qualidade estética e que a estética ganhe qualidade política. Didatismo: e se o belo for o útil? Generalização do pensamento como autoconsciência da totalidade da vida para todas as atividades cotidianas: o proletariado e a revolução não podem se dar ao luxo de cair no anti-intelectualismo burguês contrarrevolucionário, o qual justamente precisa cultivar e se nutrir da decadência ideológica para a manutenção da sua dominação. A reflexividade sobre os processos nos quais estamos envolvidos, desse modo, é o princípio formal da cultura política. A cultura política como a formação de novos produtores com o intuito de romper com a dicotomia entre produtores e consumidores de cultura. A representação não como um dom, mas como uma capacidade; não como um mal, mas como uma condição a se tomar consciência.

 

3. “Desde o começo, o teatro russo de agitação e propaganda traz a marca da guerra civil”. Agitprop na Rússia e na Alemanha: Proletkult (organização), Construtivismo (produtivismo artístico, ou, produção de objetos socialistas), Sergei Eisenstein (a montagem dialética), coletivo Blusa Azul (teatro de agitprop), Anatoli Lunatchárski (política cultural soviética e realismo socialista) e Bertolt Brecht (didatismo, teatro épico e a peça dialética). Breves exemplos de experiências concretas.

 

4. Altos e baixos da Revolução Brasileira. Agitprop, ou, cultura política no Brasil, o abandono e o predomínio da maledicência contra a agitprop no pós-64 em favor da publicidade, do marketing e da despolitização do pensamento. Os CPC da UNE, cadernos do povo brasileiro, cinema novo, ISEB, ligas camponesas e a teoria marxista da dependência. Acumulação de radicalidade política como força produtiva estética. O princípio de se pautar a revolução para contribuir para um horizonte revolucionário: identificado o imperativo da revolução, todas as forças se concentram em como fazê-la. Agitprop como atividade tanto de vanguarda quanto de retaguarda.

 

5. A cultura brasileira contemporânea como cultura altamente conformista, autocentrada e construída em rejeição ao engajamento do pré-64/69. Rejeição da pauta da revolução brasileira e da luta pelo socialismo em nome de uma aliança entre neoliberalização dos costumes e neoliberalização econômica. Abrir mão da superação ou da revolução de maneira prática e/ou imaginária não tem outro efeito senão a mais brutal degradação e a pavimentação do caminho para uma cultura que beira a irrelevância e assume como estandarte a inconsequência, a despolitização e o anti-intelectualismo. A cultura política, que a agitprop promove e pressupõe, é hostil à ingenuidade política e estética. Além disso, ela tem a força de dispersar a pasmaceira atual e de reatar os laços rompidos graças à repressão militar. Aceleração da aparência de atomização social (apodrecimento da sociabilidade capitalista como imperativo da fragmentação e da urgência): celebração da autonomia autocentrada do pensamento conformista, do vulgar e do choque em si e para si. Privatização das artes e neoliberalismo: cultura pós-moderna como desorientação cultural orientada, as relações entre imperialismo cultural e cultura dependente não apenas, mas certamente através das “cláusulas culturais” dos principais acordos de livre comércio ditados pela hegemonia norte-americana. A indústria cultural como contrarrevolução permanente, produtora de “mais-valia ideológica” e, mais especificamente, como salvaguarda do “ouvido subdesenvolvido como ruído da superexploração”.

 

 

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Comentários

  1. Eu sou um leitor sério e detalhista de O Capital de Marx e vejo nesse movimento muitas contradições, mas sou aberto ao debate e defendo sim a democracia, portanto eu busco um debate (pensamento crítico) e não apenas um monólogo.
    Abraços! Aguardo vcs!
    Robson Xavier.
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